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Confira o editorial publicado por Ronaldo Hirata na edição da Revista Estética

Ronaldo Hirata
Ronaldo Hirata é o editor-chefe do periódico (Foto: Jeff Chu)

– Texto publicado originalmente na Revista de Estética (Journal of Clinical Dentistry and Research) v15n3, por Ronaldo Hirata –

Não estou totalmente certo de que falei sobre isso esses dias; talvez, tenha falado em algum post ou tenha apenas sonhado (comumente misturo coisas que fiz com coisas que sonhei e nunca sei se fiz ou sonhei). O excesso de informação disponível e gratuita banaliza a própria informação. O que isso quer dizer?

Nunca a informação técnica e cientifica foi tão fácil de ser obtida, seja através de um post de Instagram, num vídeo em uma página de Facebook, seja numa discussão idiota em algum grupo de Facebook ou Whatsapp. Não queria ser agressivo, peço desculpas, mas o tempo perdido em discussões desse tipo poderia ser mais bem aproveitado estudando cientificamente, entendendo o que é ciência e o que é metodologia. Mas estudar de verdade quase ninguém quer (eu chamo isso de “papirar”).

Fazer um mestrado e doutorado, entender do que se trata a conclusão de um artigo científico antes de sair citando o resultado, embasando a sua ideia sem ao menos entender do que se trata o teste, é o que mais vemos em congressos. Dar palestras baseando-se em evidências cientificas engloba entender o artigo que está sendo citado e, pelo menos, ler materiais e métodos, resultados e discussão, antes de colocar uma conclusão roubada de um resumo de Pubmed.

Pois bem, meu ponto é: se queremos estudar mesmo, ainda precisamos de livros e periódicos sérios. Óbvio que posto dicas e pequenos vídeos em mídia, mas não é conhecimento; é somente INFORMATIVO. É casual e sem grande formalidade, somente como um update de algo ou um abrir os olhos para algo que está sendo feito, mas não é conhecimento. Outra coisa muito curiosa: quanto mais se passa informação banalizada, mais se banaliza a informação. Isso demonstra que as pessoas não estão dando o devido valor à informação e ao conhecimento, uma vez que todos desperdiçam isso como água limpa jogada pelo ralo. Minha reação diante de tudo isso tem sido, como sempre tenho conversado com o prof. Kina, é dar informação e conhecimento para quem os merece. Todos merecem o conhecimento, alguém pode me dizer. Mas muitos não entendem ainda o valor disso e, portanto, acho que precisam evoluir um pouco antes de recebê-lo.

Ficamos preguiçosos demais com toda informação facilitada. Postamos uma propaganda de um curso, com dados e e-mail para contato e, embaixo do post, as pessoas começam a comentar: “onde é o curso? Como faz? ” Acabamos de postar todas as informações. Estamos ficando preguiçosos até para pensar. E achamos que estamos evoluindo porque hoje temos mais “informação”.30

Tive um sensei de Karatê, ótimo por sinal, que dava uma explicação e, ao final, alguém levantava a mão para fazer uma pergunta. Ele respondia: “acabei de demonstrar; de você, eu quero escutar somente “oss sensei” (algo como, sim sensei)”. A pessoa ficava com aquela cara de nada, meio que revoltada, meio que ignorada. O efeito era, na próxima explicação, todos estavam 100% atentos, porque sabíamos que ele não repetiria. Sabe o que é isso? Valorizar a informação.

Oss e um grande abraço,

Ronaldo Hirata

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