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Brasil tem mais videolocadoras do que livrarias, afirma IBGE

Em quase duas décadas, número de cidades com livrarias no Brasil caiu de 2.374 para 985. Entre 2014 e 2018, cerca de 520 municípios perderam suas bibliotecas públicas.

Livrarias
Brasil diminui em mais de 50% o número de livrarias em menos de duas décadas

 

Em um mundo moderno, categorizado pelo crescimento exponencial da tecnologia, quem diria: ferramentas e negócios como a Amazon são mais prejudiciais às livrarias, do que plataformas streaming – como a Netflix – para as videolocadoras. O mais recente estudo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2018, indica que, no Brasil, cerca de 23% do municípios ainda tinham locadoras de filmes, enquanto menos de 18% ainda tinham livrarias.

Entre 2001 e 2018, o número de cidades com livrarias no país caiu de 2.374 para 985: uma queda de 58% em 17 anos. Ao todo, o Brasil tem 5.570 municípios. Ao passo que a abrangência de livrarias no país era de 42,7% em 2001, na última pesquisa o número de cidades com livrarias representava apenas 17,7% do total.

A diminuição no número de livrarias reflete a diminuição no número de leitores ativos no país. Para além do mercado editorial, a leitura como política pública também está em defasagem: o número de cidades com bibliotecas públicas caiu de 97,7% em 2014, para 87,7% na última pesquisa. Ou seja, 524  municípios perderam suas bibliotecas públicas em apenas 4 anos.

Os dados do IBGE apenas reafirmaram as suspeitas do presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), Bernardo Gurbanov. “É a confirmação de algo que a gente vem falando há muito tempo”, disse em entrevista ao PublishNews. Ele aponta que, entre o fim dos anos 1990 e o início dos 2000, o mundo viveu uma transformação nos hábitos de consumo, com o surgimento da internet.

“No fim do século 20, você tinha praticamente um canal para chegar ao livro: a livraria. Hoje, entrando na segunda década do milênio, nós temos uma situação diametralmente oposta: quando você precisa de um livro, tem n possibilidades de busca. A oferta se multiplicou de forma tão extraordinária que a livraria deixou de ser o local de referência na busca pelo livro e quanto mais se avança a tecnologia, mais se multiplicam os canais. Isso é preocupante”, ressaltou ao PublishNews.

 

PERFIL DA PESQUISA

O IBGE avalia anualmente o desempenho da economia do setor cultural brasileiro. O ramo ocupava, segundo o estudo, cerca de 5,2 milhões de pessoas. Mulheres (50,5%), brancas (52,6%) e com menos de 40 anos (54,9%) representavam a maioria no perfil da pesquisa.

O setor movimentou aproximadamente R$ 226 bilhões e o gasto médio familiar com atividades culturais foi de R$ 282,86 por ano: uma média de R$ 23,57 por mês. Esse índice reafirma o nível de desigualdade no país: famílias com rendimentos de até R$ 1.908,00 comprometiam apenas  5,9% com atividades dessa modalidade: abaixo da média nacional de 7,5%. Famílias com renda superior a R$ 23.850,00, por outro lado, destinaram 7,9% (o equivalente a R$ 1.443,41) à despesas na área da cultura.

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