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Novo biomaterial pode manter dente vivo após tratamento de canal

Tratamento de canal é um dos procedimentos mais comuns na Odontologia. Embora a cirurgia longa e às vezes dolorosa alivie a agonia de uma infecção, um canal radicular resulta em um dente morto, sem tecido mole vivo ou polpa dentária no interior. Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (22) relatou o desenvolvimento de um hidrogel peptídico, projetado para estimular o crescimento de novos vasos sanguíneos e polpa dentária dentro de um dente após o procedimento endodôntico.

Os pesquisadores estão apresentando seus resultados no 256º Encontro Nacional e Exposição da American Chemical Society (ACS), em Boston, nos Estados Unidos.

“O resultado após um canal radicular é um dente morto”, diz Vivek Kumar, Ph.D., principal pesquisador do projeto. “Não é mais sensível. Não há terminações nervosas ou suprimento vascular. Assim, o dente fica muito suscetível à futuras infecções e, consequentemente, a perda.”

tratamento de canal

Kumar e Peter Nguyen, Ph.D., que está apresentando o trabalho no encontro, queriam desenvolver um material que pudesse ser injetado no lugar da guta-percha. O material estimularia tanto a angiogênese quanto o novo crescimento dos vasos sanguíneos e a dentinogênese, ou proliferação de células-tronco da polpa dentária, dentro do dente. Kumar e Nguyen são do Instituto de Tecnologia de Nova Jersey.

Kumar baseou-se em sua experiência anterior no desenvolvimento de um hidrogel que estimula a angiogênese quando injetado sob a pele de ratos e camundongos. O hidrogel, que é líquido durante a injeção, contém peptídeos que se auto-agregam em um gel no local da injeção. Os peptídeos contêm um fragmento de uma proteína chamada fator de crescimento endotelial vascular, que estimula o crescimento de novos vasos sanguíneos. Kumar, então pesquisador de pós-doutorado na Rice University, e seus colegas de trabalho mostraram que o hidrogel peptídico de auto-montagem estimulou a angiogênese e persistiu sob a pele dos roedores por até três meses.

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“Nós fizemos a pergunta: se podemos estimular a angiogênese em um membro, será que podemos estimular a angiogênese em outras regiões que têm baixo fluxo sanguíneo?” Kumar diz. “Uma das regiões em que estávamos realmente interessados ​​era um órgão em si mesmo, como o dente”. Assim, Kumar e Nguyen acrescentaram outro domínio ao peptídeo angiogênico que se auto-organiza: um pedaço de uma proteína que faz proliferar as células-tronco da polpa dentária.

Quando a equipe adicionou o novo peptídeo às células-tronco da polpa dentária cultivadas, eles descobriram que o peptídeo não apenas causava a proliferação das células, mas também as ativava para depositar cristais de fosfato de cálcio – o mineral que compõe o esmalte dos dentes. No entanto, quando injetado sob a pele de ratos, o peptídeo se degradou dentro de uma a três semanas. “Isso foi mais curto do que esperávamos, então voltamos e redesenhamos o backbone de peptídeos, de modo que atualmente temos uma versão muito mais estável”, diz Kumar.

Agora, a equipe está injetando o hidrogel peptídico nos dentes de cães que foram submetidos a canais radiculares para ver se ele pode estimular a regeneração da polpa dentária em um animal vivo. Se esses estudos forem bem sucedidos, os pesquisadores planejam transferir o hidrogel para estudos clínicos em humanos. Eles apresentaram uma patente para o peptídeo redesenhado.

O hidrogel em sua forma atual provavelmente não reduzirá a invasividade ou a dor de um canal radicular, mas Kumar e Nguyen estão planejando versões futuras do peptídeo que contêm domínios antimicrobianos. “Em vez de ter que arrancar tudo dentro do dente, o dentista poderia entrar com uma broca menor, remover um pouco da polpa e injetar o hidrogel”, diz Kumar. A porção antimicrobiana do peptídeo mataria a infecção, preservando mais a polpa dental existente, enquanto ajudava a cultivar novos tecidos. E o canal radicular pode não ser mais um procedimento tão temido.

Fonte: Livre tradução de Science Daily

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