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Aparelhos ortodônticos piratas estão virando moda entre os jovens, pode resultar na perda dos dentes

Assim como aconteceu com piercing e tatuagem, os aparelhos ortodônticos estão virando moda entre os jovens. Diferentemente do que deveria acontecer, que é a indicação e o acompanhamento de um cirurgião-dentista especializado em Ortodontia, esse modismo está fortemente embasado na prática criminosa da pirataria. Nos centros de compras mais populares, há vendedores informais que inclusive colam os ‘ferrinhos’ nos dentes de seus clientes e instalam os elásticos coloridos no meio da rua. Além de ser uma atitude criminosa, os riscos para o consumidor são altos.

Na opinião de Kátia Regina Izola, professora de Ortodontia da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), por vaidade, são muitos os jovens que querem usar aparelhos ortodônticos sem qualquer necessidade. “Já dispensei vários pacientes porque não precisavam, de fato, usar aparelho”, diz a especialista. “A população deve ser alertada sobre o aspecto odontológico, de saúde dental e dos reflexos da falta de tratamento ou, ainda, do tratamento indevido sobre todo o organismo dos pacientes.”

Kátia diz que a abordagem ortodôntica não abrange apenas a ‘colocação de ferrinhos e fios coloridos’ na boca do paciente, mas, principalmente, um diagnóstico personalizado para definir a melhor forma de tratamento de más oclusões: mordida aberta, mordida cruzada, apinhamento ou espaçamento entre dentes, excesso ou falta de dentes sem que tenham sido extraídos, e alterações faciais mais complexas que envolvem problemas de crescimento (respiração bucal, por exemplo). “Há tratamentos que levam apenas alguns meses, enquanto outros podem demorar anos para serem concluídos com sucesso. Para se ter uma ideia da complexidade dos problemas bucais, o especialista em Ortodontia estuda por, pelo menos, três anos até estar apto para indicar e colocar aparelhos. Portanto, os riscos de um leigo ou um prático fazer isso são muitos.”

Anteriormente à colocação de aparelhos ortodônticos piratas, existe outro problema grave: a indústria pirata desses itens ortodônticos. “Os produtos que os cirurgiões-dentistas especialistas em Ortodontia utilizam são rigorosamente supervisionados pela Anvisa quando nacionais e submetidos a importantes órgãos reguladores quando importados. Hoje, chegam produtos piratas ao mercado informal sem qualquer tipo de controle e que podem até mesmo causar intoxicações, alergias severas, alterações na gengiva e nos dentes – podendo causar perda óssea e até mesmo a perda de dentes”, alerta a ortodontista.

A seguir, a doutora Kátia Regina Izola aponta sete bons motivos para dizer “não” aos aparelhos ortodônticos piratas:

1. Não é porque é modismo que você tem de pôr em risco sua saúde. Caso tenha de fato problemas dentários, procure um cirurgião-dentista. Ele poderá fazer um primeiro atendimento e encaminhamento para um especialista em Ortodontia.

2. Todo tipo de modismo que envolve intervenções diretas no corpo deve ser encarado com muito cuidado. Principalmente a boca, já que é porta de entrada para muitas infecções. Já está provada, por exemplo, a correlação entre infecções bucais e doenças do coração como a miocardite – podendo levar à morte.

3. Desconfie de tudo o que é barato e fácil demais, como a colocação de aparelho por um vendedor ambulante ou ainda através de anúncios em jornais. Um especialista leva anos para se formar e estudar tudo o que se faz necessário para contribuir com sua saúde bucal e sua saúde geral. Além disso, essa prática é completamente ilegal.

4. Acredite no ditado “o barato sai caro”. Neste caso, o uso de produtos e serviços ortodônticos não regulamentados pode resultar na perda dos dentes e na reabsorção óssea, restando apenas, num curto prazo, a opção de usar dentaduras.

5. Mesmo quando tratadas por um profissional experiente, há alterações dentárias que envolvem riscos. Isso aumenta ainda mais a importância de contar com um ortodontista que possa gerenciar esses riscos a partir de conhecimentos de anatomia, fisiologia, histologia etc. Jamais se deve abrir mão da qualidade profissional, principalmente quando se trata da sua boca.

6. Tenha sempre em mente que um leigo ou ainda um prático não têm conhecimento suficiente e tampouco condições (nem interesse) de orientar as pessoas sobre a necessidade de prevenção e higiene rigorosa desses aparelhos – o que pode levar a um aumento considerável de cáries e infecções gengivais e periodontais.

7. Como já foi dito há séculos, “dificilmente existe alguma coisa neste mundo que alguém não possa fazer um pouco pior e vender um pouco mais barato. E as pessoas que consideram apenas preços são suas merecidas vítimas”. Vale a pena se debruçar sobre esse pensamento antes de fazer uma escolha tão errada como comprar aparelhos piratas de profissionais igualmente piratas. Consulte sempre um cirurgião-dentista. Ele é o profissional habilitado para realizar esse tipo de tratamento quando há indicação.

Fonte: Prof. Dra. Kátia Regina Izola, cirurgiã-dentista, ortodontista, e professora da Escola de Aperfeiçoamento Profissional (EAP) da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas – www.apcd.org.br

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