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Aparelho ortodôntico falso vira moda e preocupa entidades

O uso de aparelhos ortodônticos falsos, vendidos livremente pela internet e usados principalmente por jovens, acendeu o alerta de entidades odontológicas no Brasil. O Conselho Federal de Odontologia (CFO) e a Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (ABOR) alertam para os riscos graves que essa prática pode trazer à saúde bucal e até à saúde geral.

Tradicionalmente, os aparelhos ortodônticos são indicados por especialistas para corrigir desalinhamentos dentários e problemas de mordida, garantindo saúde funcional e benefícios estéticos. Mas, fora do consultório, versões falsificadas vêm sendo utilizadas como adorno, impulsionadas por modismos nas redes sociais.

Esses dispositivos “fakes” são produzidos com fios de cobre, cerdas de vassoura ou metais de procedência duvidosa, fixados aos dentes com colas inadequadas. Kits contendo braquetes, fios, borrachinhas coloridas e adesivos dentais chegam a ser vendidos em e-commerces por valores muito abaixo dos praticados em consultórios, evidenciando a baixa qualidade do material.

Segundo o conselheiro federal Anderson Lessa Siqueira, coordenador da Comissão de Fiscalização do CFO, a comercialização e instalação desses produtos são irregulares. “Tratamentos ortodônticos só devem ser realizados após avaliação clínica e por cirurgiões-dentistas habilitados. A venda e instalação de aparelhos falsos configuram crime de exercício ilegal da Odontologia, previsto no Código Penal”, reforçou.

Risco à saúde bucal
Especialistas destacam que os danos vão além da estética. Entre os riscos do uso de aparelhos falsificados estão desgaste do esmalte, movimentações dentárias sem controle, perda óssea, reabsorção radicular, dores na articulação temporomandibular e até mobilidade e queda de dentes. Também podem surgir problemas de mastigação, respiração e digestão.

A presidente da ABOR, Carla d’Agostini Derech, alerta ainda para a presença de metais tóxicos, como chumbo e cádmio, em alguns materiais utilizados. “Essas substâncias podem trazer consequências graves, como danos ao fígado, doenças cardíacas e até câncer. Além disso, a cola inadequada pode soltar braquetes ou fios, causando cortes, ferimentos e até risco de asfixia”, afirmou.

Por serem feitos sem controle de qualidade, esses dispositivos também aumentam o risco de infecções, acúmulo de placa bacteriana e desenvolvimento de cáries, especialmente porque não há acompanhamento de manutenção por um dentista.

O fenômeno tem sido impulsionado pelas redes sociais. Conteúdos que viralizam fazem com que adolescentes e jovens utilizem os aparelhos falsos apenas por modismo, sem conhecimento dos riscos envolvidos. “À primeira vista, eles parecem inofensivos, mas podem causar consequências sérias e até irreversíveis”, explica Carla Derech.

Conscientização
Para enfrentar o problema, o CFO e os Conselhos Regionais de Odontologia intensificaram campanhas educativas. Uma das iniciativas é o programa CFO Esclarece, que busca levar informações com respaldo científico à população.

“A informação é a arma mais eficaz contra modismos perigosos. Queremos alertar especialmente os jovens para que não coloquem sua saúde em risco com produtos ilegais e sem procedência”, afirma Anderson Siqueira.

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