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Ortodontista brasileiro é premiado no congresso da AAO em San Diego

Desde a última sexta-feira (21) até o dia 25 de abril, professores, pesquisadores e ortodontistas clínicos dos quatro cantos do planeta estão reunidos em San Diego, na California, nos Estados Unidos, para o 2017 AAO Annual Session, o congresso anual da American Association of Orthodontists. Em meio a milhares de profissionais, que foram conferir novos produtos, tecnologias mais modernas e novas maneiras de enxergar a Ortodontia, um ortodontista brasileiro se destacou. André Wilson Machado, de Salvador (BA), ganhou o prêmio “2017 CDABO Case Report of the Year Award”, com o trabalho “Microimplant-assisted rapid palatal expansion appliance to orthopedically correct transverse maxillary deficiency in an adult”. O relato foi publicado na edição de maio de 2016 no American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics (AJO-DO) – acesse aqui.

andré wilson machado
Dr. Won Moon, Dr. Chuck Carlson e Dr. André Wilson Machado recebem o prêmio do editor-chefe do AJO-DO, Dr. Rolf Behrents (Foto: acervo pessoal)

O vencedor foi eleito pelo “The College of Diplomates of the American Board of Orthodontics” (CDABO), composto por ortodontistas clínicos que passaram por todas as fases do exame do American Board of Orthodontics. A premiação foi criada para reconhecer a excelência da ortodontia clínica, e é concedido anualmente para autores do melhor relato de caso publicado no AJO-DO durante o ano anterior ao congresso. A cerimônia de premiação foi realizada no domingo (23).

André Wilson Machado já publicou mais de 100 trabalhos, entre artigos científicos, capítulos de livros e outras produções técnicas. Atualmente é Professor Adjunto de Ortodontia da Universidade Federal da Bahia (UFBA); professor colaborador do Mestrado em Ortodontia da Universidade da California Los Angeles (UCLA/USA); Doutor em Ortodontia – UNESP / UCLA (USA); Mestre e Especialista em Ortodontia – PUC Minas, além de professor do Excelência na Ortodontia e colunista do Portal Dental Press. Conversamos com exclusividade com ele sobre o prêmio. Confira:

DP: Qual o tema do trabalho?

AM: O caso clínico apresentado é de um paciente que necessitava de expansão da maxila esquelética, e nós optamos por uma terapia por meio de ancoragem com mini-implantes. Foi usado um disjuntor, onde foram usados 4 mini-implantes (ou microparafusos), com o objetivo de aumentar a ancoragem esquelética e minimizar efeitos dentários. Com isso nós conseguimos a abertura esquelética da maxila por meio somente de uma abordagem ortodôntica, não cirúrgica.

Qual a importância desse relato de caso para a Ortodontia mundial?

Durante muito tempo, a Ortodontia não tinha muitas alternativas para a correção das discrepâncias transversais maxilares. Então os pacientes adultos que apresentavam discrepâncias transversais maxilares, a gente conseguia ou fazer a expansão dentária ou disjunção cirúrgica, expandindo o esqueleto maxilar por meio de uma cirurgia ortognática de separação da maxila direita da esquerda. Obviamente que essa terapia funciona muito bem, há bastante evidência científica sobre isso, mas existem algumas desvantagens. Só pelo fato de ser uma cirurgia, já se torna algo não tão acessível para todos, pelas questões cirúrgicas.

Este é o aspecto mais relevante: trazer para a Ortodontia a oportunidade de corrigir alterações transversais por meio de uma técnica ortodôntica, que consegue resultados esqueléticos e ganhos transversais ósseos sem necessidade de cirurgia. Essa técnica, chamada de MSE (Maxillary Skeletal Expansion) e desenvolvida pelo Dr. Won Moon na UCLA, amplia os horizontes das opções terapêuticas para a ortodontia.

Dr. André Wilson Machado, Dr. Chuck Carlson e Dr. Won Moon comemoram o prêmio (Foto: acervo pessoal)
O que esse prêmio significa pra você?

Esse prêmio, com certeza, é um marco na minha vida profissional. No cenário clínico e científico da Ortodontia, o AJO-DO é o nosso maior periódico e, assim, receber esse mérito muito me alegra. Fiz a minha formação ortodôntica no Brasil (PUC Minas e UNESP Araraquara) e tenho muito orgulho disso. Receber esse prêmio, de certa forma, traz ainda mais respeito a Ortodontia brasileira, que tem alcançado recentemente espaço importante no cenário internacional.

Além disso, esse caso clínico publicado foi conduzido por meio de uma parceria entre a minha casa, UFBA e a UCLA). Essa parceria foi iniciada em 2011, no período que realizei meu doutorado sanduíche via UNESP-Araraquara. Nesse período, iniciamos promissora colaboração com o Dr Won Moon, Chair do Dep. de Ortodontia. Esse prêmio é o coroamento dessa grande parceria, ressaltando a importância do trabalho em equipe.

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