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Alberto Consolaro: “Tatuagem como homenagem”

Por: Alberto Consolaro

Quando vejo uma tatuagem fico admirando a coragem de se fazer uma lembrança na pele para quase sempre, especialmente quando se lembra uma pessoa ou um grande amor. Justamente porque “sempre” e “nunca” no amor e na medicina não existem, como diziam e ainda dizem os médicos franceses.

Eu nunca fiz uma tatuagem e nem alguém desenhou na pele meu nome ou algo que me relembrasse diretamente. Talvez isto fique muito longe do meu universo interior, mas convivo normalmente com tatuados.

No Instagram levei um susto quando uma amiga enviou uma foto de seu braço com uma tatuagem remetendo-se para um dos meus livros e, por escrito, praticamente fazendo uma dedicatória. Por instante fiquei estático, especialmente porque veio acompanhado de uma de minhas marcas digitais que é a figura de um cérebro intrigado.

A justificativa era que a leitura de um dos meus livros, o de “Inflamação e Reparo”, havia mudado a sua vida e a forma de ver algumas coisas. Depois que um professor escuta isto e se vê representado na tatuagem na pele de alguém que te escutou e ou leu o que você escreveu, pode-se pegar a mochila e sair por aí curtir a vida, já que sua função mínima foi cumprida. Agora, seria só curtir.

No âmago, eu não entendia muito a mensagem de uma tatuagem, mas depois deste fato, agora compreendo melhor o que uma pessoa desenha e qual seria uma de suas funções: falar com o próximo, passar uma mensagem e registrar um momento impactante de uma vida. Sempre é tempo de aprender, mesmo que seja tarde!

As tatuagens precisam ser renovadas de vez em quando, pois a sua cor e contornos ficam esmaecidos já que as células fagocitam os pigmentos e os carregam para longe. Por analogia parece um livro, com suas novas edições e precisam ser renovados.

SOBRE TATUAGENS
Tatuar é se mostrar e se comunicar. O primeiro a registrar as tatuagens foi o inglês James Cook, em 1769, ao viajar pelas numerosas ilhas da Oceania, mais precisamente no Taiti em que viu os primeiros desenhos na pele. São duas pequenas ilhas que fazem parte dos territórios ultramares da França em um conjunto insular conhecido como Polinésia Francesa. No idioma taitiano nativo, “Tatu” significa “desenho da pele” que no inglês se pronuncia “tatau”, transcrita para o inglês por Cook como “tatoo”.

Agora sabemos que as tatuagens são mais antigas que os relatos de Cook, pois o Homem de Gelo encontrado na Europa em 1991, datado como de 7.300 anos, tinha vários desenhos na pele. Na múmia da Princesa Amunet, em Tebas no Egito, de quatro mil anos, também havia desenhos na pele.

A tatuagem pode ser: a) decorativa – como arte, cultura e manifestação social, junto com cabelos, barbas, mutilações e piercings. b) terapêutica – com finalidade estética na reconstrução do vermelhão do lábio, auréolas dos mamilos e nas sobrancelhas de pacientes submetidos a cirurgias de cânceres, mutilações ou para apagar manchas ou cicatrizes. c) acidental nas áreas de entrada de projéteis de armas de fogo na pele, na gengiva pela prata do amálgama e de cimentos obturadores de canal, ou ainda por pigmentos de lápis de cor em contato repetitivo na mucosa do lábio inferior ou parte anterior da língua.

REFLEXÃO FINAL
Do ponto de vista humanístico, me sinto relevante em ser assim homenageado. Que imensa gratidão amiga!

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