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A importância das universidades públicas no combate a Covid-19

Universidades públicas auxiliam a população no combate ao Coronavírus. Ações são de prevenção, diagnóstico e busca de tratamentos, através de pesquisas alicerçadas no método científico

Universidades Públicas

No ano passado, a ciência brasileira passou por severas dificuldades, sobretudo, no corte de bolsas de pesquisa oriundas das duas principais entidades de amparo a pesquisa: Capes e CNPq. A primeira é ligada ao Ministério da Educação e tem como foco a formação de docentes. A segunda é ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia e tem como objetivo o fomento de pesquisas e inovação no Brasil. O corte das vagas, ditas vacantes, influenciou na logística universitária, em diversas instituições e pesquisas que vinham sendo realizadas há tempos.

Este ano, entretanto, apesar de todos os cortes, as universidades públicas e os institutos de pesquisa tomaram para o si o protagonismo nas ações de combate ao Coronavírus. Passado um mês e meio da propagação do vírus no país, essas instituições se debruçam em ações de combate à doença. Da confecção de máscaras, passando pelo diagnóstico e testes da Covid-19, até as desmistificações da Hidroxicloroquina – principal aposta do Presidente da República -, a fim de melhorar o fluxo de informações e alentar a população.

Cada uma das universidades públicas do Brasil, ajuda da forma que lhe é cabida, de acordo com as próprias limitações: de pessoal e orçamentária. Algumas, fazem ações que têm impacto em nível nacional e relevância internacional. Outras, tão importantes quanto, dedicam-se a auxiliar a população local no combate à doença. O fato é que, com a atuação técnica das universidades, os próprios governos estaduais conscientizaram-se da importância das instituições públicas de ensino superior, para além do ensino.

A UEM (Universidade Estadual de Maringá), por exemplo, montou um grupo que analisa a evolução da Covid-19 na cidade, no intuito de traçar as melhores estratégias para que o sistema de saúde da cidade – que é referência em sua macrorregião, não entre em colapso. A análise de dados é feita segundo modelos matemáticos, que apontam as direções que devem ser tomadas pelo poder público. Além disso, a UEM, junto a outras universidades públicas do Paraná, foram credenciadas junto ao governo do Estado, para fazerem testes rápidos do Coronavírus, mais que dobrando a capacidade do Estado em diagnosticar a doença.

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) emitiu uma nota sobre o uso da Hidroxicloroquina, a principal aposta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no  combate a doença. A fim de esclarecer que “resultados promissores” não bastam e que “ciência não é opinião”, a universidade emitiu nota pública, explicando que o uso da medicação está sendo testada, mas não há nenhuma evidência que a utilização da substância pode curar a enfermidade. Além disso, a Unicamp disponibilizou um sistema computacional para ventiladores pulmonares, cientes de que, após o diagnóstico, a integração de informações é a principal arma contra a Covid-19.

Um estudo identificou um gene que pode estar associado com interações entre proteínas pulmonares e virais. A pesquisa da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho), aponta, então, um alvo potencial para o tratamento do Coronavírus. Outra ação da universidade é a mineração de dados no combate à Covid-19. Os pesquisadores cruzam dados oficiais, com os que são capturados na web, Twitter e Google. Em caráter educativo, a pesquisa mostra as destoantes no compartilhamento de informações no mundo digital.

Já a USP (Universidade de São Paulo), vem desenvolvendo uma série de pesquisas e auxiliando na biossegurança de pacientes e profissionais na área da saúde. Os laboratórios da instituição – que é a melhor da América Latina e uma das melhores do mundo em vários rankings – se uniram para otimizar os diagnósticos da doença no Estado de São Paulo. Além disso, a USP está testando materiais para o desenvolvimento de mais de 1 milhão de máscaras para auxiliar na prevenção a Covid-19. Em relação ao tratamento do doença – um dos principais anseios da população -, a universidade vai testar uma série de farmacos para analisar e revisar protocolos que possam ser eficientes no combate ao Coronavírus.

A ciência brasileira, bem como suas universidades e institutos, embora muitas vezes encarada como gasto ao contribuinte, é um dos mais valiosos patrimônios da sociedade brasileira. Em períodos de crise, como o que vivemos, é quando sua importância se sobressai em meio aos anseios da sociedade em geral.

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